Filósofo Edgar Indalecio Smaniotto

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A “Primavera Árabe” como fator de mudança da correlação de forças no Oriente Médio

Publicado em: 17/04/2022 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto

Prof. Dr. Edgar Indalecio Smaniotto

Em 2011 ocorreu uma série de protestos em diversos países árabes que receberam a denominação geral de “Primavera Árabe”. Eric Hobsbawm, historiador marxista declarou que “foi uma grande alegria redescobrir que é possível que as pessoas saiam às ruas para se manifestar e derrubar governos[i]“. O geopolítico brasileiro Demétrio Martinelli Magnoli mostrou-se entusiasmado com a “Primavera Árabe”, afirmando que estes povos querem o mesmo que os ocidentais “direitos, democracia e liberdade”[ii]. Mas os resultados efetivos da “Primavera Árabe” não geraram uma onda de governos democráticos (a Tunísia, epicentro do movimento, pode ser a única exceção). Mesmo não tendo alcançado a tão sonhada democracia de moldes ocidentais nos países árabes, “A Primavera Árabe” modificou significativamente a correlação de forças entre os países da região. Neste texto, buscamos em uma breve análise, compreender a atual correlação de forças no Oriente Médio.

A Líbia, que era um player significativo na geopolítica africana e árabe, foi completamente destruída após uma guerra civil iniciada em 2011 na qual o país foi bombardeado intensamente pelas forças da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Apenas está intervenção, que foi efetivada devido a extrapolação indevida da zona de exclusão aérea aprovada pela ONU, como atesta Paulo Cordeiro, subsecretário do Ministério das Relações Exteriores do Brasil para a África e o Oriente Médio: “A zona de exclusão aérea foi transformada numa campanha de bombardeio de seis meses que foi uma mudança no espírito da resolução”[iii], possibilitou a queda de Muammar Gaddafi. No vácuo político pós-Kadaffi, a Líbia sucumbiu as divisões tribais e está longe de se consolidar novamente como um estado nacional.

No Egito a queda de Hosni Mubaraki presidente desde 1981 teve como efeito a eleição 23 de junho de 2012, Mohamed Morsi, candidato da Irmandade Islâmica, não agradando nem a vizinha Arábia Saudita e nem os Estados Unidos. Um novo golpe recolocou os militares no poder, e eleições realizadas em 2013 tiveram como vencedor o  ex-Ministro da Defesa egípcio Abdel Fattah el-Sisi. Na esfera geopolítica o Egito é de suma importância para a estabilidade da região, por ser um dos únicos países árabes a ter boas relações diplomáticas com Israel.

A Síria por sua vez se colapsou após os protestos de 2011 contra o governo de Bashar al-Assad, que não teve o mesmo destino de Gadaffi, graças em grande parte a intervenção de Moscou. A política ativa de Putin, tanto impediu uma intervenção direta dos EUA e seus aliados europeus na região, como contrabalançou o poder de grupos insurgentes sírios (financiados por Arábia Saudita e Quatar), ajudando com equipamentos o governo de Assad. Posteriormente, com o avanço do grupo terrorista Estado Islâmico, a Rússia interveio diretamente bombardeando posições do grupo em território sírio. Atualmente o Estado Islâmico foi vencido e o governo Sírio de Assad retomou boa parte de seu território.

Única nação mulçumana de maioria xiita o Irã é o maior inimigo da monarquia saudita na região, e tem a pretensão de possuir armas nucleares, o que torna o país alvo constante da ameaça militar de Washington, que possui bases militares em praticamente todas as nações vizinhas ao Irã.  Apesar do discurso predominante na imprensa ocidental sobre a ameaça iraniana, é interessante salientar, como afirma Diniz (2008) que os iranianos investem sobretudo em armamento para uso de defesa.

A Arábia Saudita, nação em que se predomina uma monarquia absolutista de orientação Wahhabista, uma leitura dogmática e simplista do islã (ROCHE, 2011) que teve origem no livro “Pelo culto do Deus único” escrito por Muhammad Abdel Wahhab (1703-1792). Atualmente “o wahhabismo é tido, na Arábia Saudita, como a aplicação estrita e correta do Alcorão” (ROCHE, 2001, p. 7). Principal aliada militar dos EUA na região, conta com o apoio irrestrito e proteção da poderosa máquina militar americana instalada em diversas bases em seu território. Tem no Irã seu principal inimigo, financia grupos armados na Síria, ocupou o Bahrein para impedir uma mudança de governo após a primavera árabe, ataca sistematicamente rebeldes no Iêmen, e atualmente mantém sob ameaça o Qatar.

Por fim Israel é a única potência nuclear da região, além de ser uma democracia nos moldes ocidentais e um país que investe e produz inovação tecnológica. Sendo o único estado judeu do mundo, sua principal preocupação é garantir sua continuidade como nação e lar dos judeus, em uma região predominantemente mulçumana. Apesar de possuir armas nucleares, como atesta Eugenio Diniz (2008) seu diminuto território torna estas armas um último recurso, pois não poderia resistir a um contra-ataque nuclear. Pode-se concluir que a primavera árabe teve como principal consequência geopolítica retirar de cena dois importantes players da região (Líbia e Síria), cuja a guerra civil na última gerou um maior embate entre Irã e Arábia Saudita; ao mesmo tempo em que a Turquia reorientava seus interesses para a região e a Rússia, com a intervenção na Síria voltou a confrontar a hegemonia americana ao intervir na Síria, e atualmente na Ucrânia.

Referências Bibliográficas:

COSCELLI, João; CHACRA, Gustavo; RAATZ; Luiz.  A revolução que abalou o Oriente Médio [Infográfco]. 27 Janeiro 2011. Disponível em: http://www.estadao.com.br/infograficos/internacional,a-revolucao-que-abalou-o-oriente-medio,234733.

DINIZ, Eugênio. Distribuição de Poder no Oriente Médio: Caracterização e Possibilodades de Transformação. In: Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional – II CNPEPI: (2 : Rio de Janeiro : 2007): o Brasil no mundo que vem aí. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2008. p. 203-236.

ROCHE, Alexandre A. E. A primavera do Mundo Árabe-Sunita: O islã árabe-sunita entre o wahhabismo conservador e o espírito crítico, entre a política do petróleo e a independência econômica. Revista Conjuntura Austral, Vol. 2, nº. 7, Ago.Set 2011.


[i] WHITEHEAD, Andrew. Revoluções de 2011 ‘me lembram 1848’, diz Hobsbawm.  31 dezembro 2011. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/12/111231_hobsbawn_2011_1848_revolucoes_mm.shtml.

[ii] PRIMAVERA ÁRABE (Especial TV Cultura). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KOm-2JhmbnI. Acesso: 18/08/2017.

[iii] GRUDGINGS, Stuart. Agitação no Oriente Médio testa diplomacia brasileira. 01 Setembro 2011. Dispoivel em: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,analise-agitacao-no-oriente-medio-testa-diplomacia-brasileira,767180.

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Publicado em: Geopolítica | Categoria: Assad, Líbia, Oriente Médio, Primavera árabe | Leave a response

Cosmódromo de Baikonur e a guerra híbrida no Cazaquistão

Publicado em: 17/04/2022 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto

Prof. Dr. Edgar Indalecio Smaniotto

O ano de 2022, apesar do aspecto nefasto da pandemia do coronavírus e seu enorme impacto econômico mundial, tanto para os países periféricos quanto para a população mais pobre dos países centrais, não arrefeceu em nada os ataques imperialistas há soberania de algumas nações. Para as nações imperialistas assegurar sua dominação global, é antes de tudo uma prioridade. Até mesmo à frente do bem-estar de seus próprios cidadãos mais pobres, estes que se virem com a pandemia e suas consequências, enquanto os exorbitantes gastos militares não podem parar.

A fim de assegurar seu poder geopolítico mundial os Estados Unidos encontram, principalmente no aspecto militar um oponente determinado, a indomável Rússia. Para tanto empregam contra a Rússia a chamada guerra hibrida, se não principalmente diretamente em território russo (o que, todavia, não descartamos), em seu entorno estratégico, o objetivo é solapar aliados e diminuir a capacidade militar e econômica russa. É neste cenário que precisamos entender a crise do Cazaquistão, mas, também é necessário entendermos um segundo cenário de disputa geopolítica: o espaço.

Nos últimos anos (2020-2021) três empresas multinacionais de bilionários norte-americanos e ingleses chegaram ao espaço com veículos tripulados, na assim chamada nova corrida espacial (New Space). São estes Richard Branson do Grupo Virgin, Jeff Bezos da Amazon e Elon Musk da Spacex (está já tendo contratos bilionários com a NASA). Além de fornecer transporte para astronautas e cargas para a Estação Espacial Internacional e por satélites em órbita (ambos mercados bilionários), estes grupos miram a curto prazo no turismo e a longo prazo na possível mineração de asteroides e da Lua.

Outro ponto a ser levantado, é a formação de um sexto braço das forças armadas norte-americanas em 2019, a Força Espacial dos Estados Unidos (USSF). O que claramente demostra que para os americanos a guerra no espaço já se configura como uma possibilidade, os franceses, por sua vez não criaram um novo braço de suas forças armadas, optaram por redesignar toda a sua força-aérea. Em 2019 Emmanuel Macron renomeou a força-aérea francesa como “Exército do Ar e Espacial” ou Força Aeroespacial Francesa (Armée de l’air et de l’espace) a nova designação, com a incorporação de um Comando do Espaço deixa claro as intenções francesas, o espaço agora é uma área de atividade militar.

Devemos nos lembrar, que a mesma França, que não possui nenhum problema em se preparar a guerra espacial, recentemente repreendeu na ONU o Irã por ter lançado um foguete espacial. Afinal porque o Irã não teria direito a chegar ao espaço por meios próprios, quando a França pretende até à sua militarização? Este é o jogo das grandes potências.  Pretendem assegurar seu domínio dos recursos espaciais.

O leitor pode estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com o Cazaquistão? Quando se iniciou a guerra hibrida no Cazaquistão, podíamos inferir que se a crise se prolongasse este país poderia se transformar em uma segunda Ucrânia, o que colocaria a Rússia na delicada posição de enfrentar conflitos em dois cenários diferentes, estando enfraquecida para conter há possível instalação de mísseis nucleares em solo ucraniano e a entrada deste país e da Geórgia na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).   A rápida reação do presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, contra a revolução colorida (um dos aspectos da guerra híbrida), com apoio da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) formado por Armênia, Bielorrússia,  Cazaquistão,  Quirguistão, Rússia e  Tajiquistão; impediu que este cenário de concretizasse.

Entretanto, chamamos a atenção neste texto, para um fator deixado de lado por grande parte dos analistas, o fato do Cosmódromo de Baikonur, a maior base espacial russa, se localizar justamente no Cazaquistão. Se, como queriam os agentes do ocidente, a revolução colorida tivesse êxito, um de seus objetivos era justamente cortar todas as relações com a Rússia. Neste cenário hipotético à Rússia perderia quase que instantaneamente seu maior ativo espacial, ficaria praticamente impossibilitada de chegar ao espaço, em um momento em que EUA e França se preparam ativamente para a guerra espacial.

Agora imaginemos que ambas as revoluções coloridas, na Ucrânia e Cazaquistão, tivessem tido êxito. Neste cenário hipotético a Rússia teria perdido sua maior base marítima, a Base Naval de Sebastopol é sua maior base aeroespacial, o Cosmódromo de Baikonur. Limitando quase que completamente a capacidade russa de operar no mar e no espaço, ao mesmo tempo em que as duas maiores ex-repúblicas soviéticas, com exceção da própria Rússia, se tornariam agora inimigas dos russos.

Na Ucrânia, as potências imperialistas alcançaram uma vitória parcial, já no Cazaquistão obtiveram uma amarga e rápida derrota, o que sinaliza que os russos estão cada vez mais preparados para este novo cenário de guerra hibrida. O Cazaquistão continua a ser um importante aliado da Rússia, membro do OTSC e o controle russo do  Cosmódromo de Baikonur, continua assegurado.

Texto escrito em: 09/01/2022

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Arthur Machen a biobibliografia de um mestre do oculto

Publicado em: 05/01/2022 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto

Segue PDF do texto “Arthur Machen a biobibliografia de um mestre do oculto” de nossa autoria publicado no livro “Arthur Machen o Mestre do Oculto: histórias de horror sobrenatural” da Editora Clock Tower (2017)

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Publicado em: Biblioteca FC, Literatura Especulativa | Categoria: Arthur Machen, Despertar dos Mágicos, machen, oculto, Realismo Fantástico | Leave a response

Fukuyama e o mundo multipolar

Publicado em: 04/01/2022 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto

Francis Fukuyama, autor do clássico “O fim da História e o último homem” em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo/Estadão (01/01/2022), comenta sobre a situação na Ucrânia, e defende que os EUA arme a Ucrânia contra os russos. O cientista político, defensor da hegemonia norte-americana em nenhum momento trata do problema das províncias de Donetsk e Luhansk, que desejam sua autonomia em relação ao governo de Kiev, a constituição destes territórios como províncias autônomas seria o caminho mais seguro para a obtenção da paz.

Fukuyama também se mostra incapaz de compreender a emergência de um mundo multipolar, para ele o mundo deveria ser comandado pelos EUA, a emergência da China como superpotência e a recuperação da Rússia enquanto potência militar, incomoda muito o cientista político, para quem a única ordem global possível seria a hegemonia americana.

Para o Brasil um mundo multipolar- apesar da cegueira de parte de nossa elite, que desejam ser quintal dos EUA – representaria uma possibilidade maior do país ocupar uma posição como potência regional no Atlântico Sul e na América Latina. O que deveria ser nosso objetivo enquanto nação soberana.

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Não olhe para cima: a ficção cientifica mais realista que você já assistiu

Publicado em: 27/12/2021 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto

Neste vídeo comentamos o filme “Não olhe para cima” uma ficção científica que trata de questões de nossa época, como a pandemia, aquecimento global e negacionismo científico, através da metáfora da possível colisão de um cometa com a Terra.

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GLOSSÁRIO DE PARADOXOS TEMPORAIS

Publicado em: 02/10/2021 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto

Texto de Eduardo Torres

1. Paradoxo do Avô: Talvez o mais famoso paradoxo temporal, às vezes chamado de Paradoxo da Avó. Acontece quando um viajante do tempo volta ao passado para matar o seu avô (ou avó) quando ele (ou ela) ainda é uma criança, evitando assim o seu próprio nascimento e, por conseguinte, sua própria viagem ao passado para matar o seu antepassado. De modo geral esse paradoxo ocorre em qualquer mudança da História causada por um viajante do tempo de modo a impedir o próprio viajante de voltar ao passado para causar a mudança. Pode ser considerado um caso especial do Paradoxo da Alteração da História.

2. Paradoxo da Acumulação: Acontece quando um viajante do tempo se transporta de vários pontos de sua linha temporal para o mesmo momento de passado. Haverá várias duplicatas do viajante no ponto de chegada.

3. Paradoxo do Deslocamento em Trânsito: Viajantes do tempo em trânsito levam consigo seu próprio tempo – o presente do modo exato que estava no momento de sua viagem, e não podem ser afetados por alterações da História ocorridas depois de sua partida. Só sofrerão os efeitos dessas alterações quando voltarem à sua matriz temporal, agora modificada. Esse paradoxo é uma solução para o Paradoxo do Avô (ver item 1 do glossário).

4. Paradoxo da Descontinuidade: Acontece quando um viajante do tempo encontra no passado um conhecido que partiu de um ponto do futuro diferente do dele. Essa pessoa pode não reconhecer o viajante, pois no seu (dela) presente eles ainda não se encontraram. Ou pode acontecer o oposto. O viajante do tempo encontrar no passado alguém que partiu de um futuro à sua frente e que sabe o que vai acontecer com ele nos próximos meses ou mesmo, anos.

5. Paradoxo da Duplicação: Acontece quando um viajante do tempo volta ao passado, encontra-se consigo mesmo, e faz alguma coisa que impede sua versão passada de viajar atrás no tempo tal como fez anteriormente, alterando assim sua própria História e criando uma duplicata permanente.

6. Paradoxo Final: Paradoxo criado por um viajante do tempo que muda a História de modo que viagem no tempo nunca seja inventada.

7. Lei dos Paradoxos Menores: Se dois paradoxos mutuamente exclusivos podem ocorrer simultaneamente, acontecerá primeiro o menos paradoxal.

8. Paradoxo da Alteração da História: Acontece quando um viajante do tempo volta ao passado e altera a História. E ele pode voltar no tempo outras vezes e alterar ou reverter a alteração, editando assim a História. (Ver Paradoxo da História Retroativa e Paradoxo do Continuum nos itens 10 e 21 desse glossário).

9. Paradoxo da Propagação: Este paradoxo envolve a velocidade na qual a alteração da História se propaga ao longo do Continuum. Pode ser instantânea, ou seguir uma taxa de propagação arbitrária, ou pode depender de um certo valor de probabilidade de que a alteração seja irreversível.

10. Paradoxo da História Retroativa: Acontece quando pessoas do futuro, que não haviam nascido na época de acontecimentos já ocorridos e historicamente registrados, acabarem revelando-se protagonistas desses mesmos eventos. Esse paradoxo é o outro único paradoxo temporal admitido pelos autores que defendem a ideia do universo em bloco (o primeiro seria o Paradoxo do Continuum, que implica nesse tipo de universo – ver item 21 do glossário).

11. Paradoxo dos Loops de Objetos e Pessoas: Acontece quando um objeto ou pessoa é aprisionado em um loop temporal, como orelógio do filme ‘Em Algum Lugar do Passado’, ou quando a existência da pessoa no futuro depende de ações causadas por ela no passado, como no filme ‘O Exterminador do Futuro’.

12. Paradoxo dos Loops de Informação: Acontece quando uma informação é enviada do futuro para o passado de modo a se tornar a fonte inicial da mesma informação tal como existia no futuro.

13. Paradoxo dos Loops Sexuais: Acontece quando um viajante do tempo volta ao passado para fazer sexo com um ancestral e se tornar um ancestral de si mesmo. Esse paradoxo é biologicamente impossível devido ao Paradoxo Genético (ver item15 do glossário).

14. Paradoxo dos Loops de Repetição: Acontece quando se viaja no tempo não no sentido tradicional, de transporte físico para um outro momento do passado ou do futuro, mas quando se ‘revive’ repetidamente um intervalo arbitrário de tempo, como no filme ‘Feitiço do Tempo’. Dois paradoxos estão envolvidos aqui, o loop de repetição em si e o fato de que a pessoa envolvida mantém as memórias após cada volta do loop.

15. Paradoxo Genético: Acontece quando um viajante do tempo tenta se tornar seu próprio pai ou ancestral. Para se tornar seu próprio filho, o viajante terá que obter metade de seus genes de si mesmo e a outra metade da sua mãe. Mas se são a mesma pessoa, têm que ser geneticamente iguais. Portanto, têm que ser ao mesmo tempo geneticamente iguais e geneticamente diferentes, o que é absurdo. Isto acontecerá em algum grau genético em qualquer tentativa de um viajante do tempo se tornar seu próprio ancestral.

16. Paradoxo da Duplicação Cumulativa: Acontece quando um objeto ou pessoa é removido de um certo ponto na linha de tempo, transportado para outro momento e, depois do retorno a um instante imediatamente anterior à primeira remoção, repete-se o processo, transportando-se sempre a pessoa ou o objeto removidos para o mesmo tempo e local. Se essa operação for realizada diversas vezes será criadas uma série de duplicatas. Esse paradoxo difere do Paradoxo da Acumulação (ver item 2 do glossário), pois naquele paradoxo há uma linha contínua ligando todas as cópias em sucessivas viagens ao passado e de volta ao presente .Não é possível traçar essa linha no Paradoxo da Duplicação Cumulativa.

17. Paradoxo Metabólico: Acontece quando um viajante do tempo perde sua integridade temporal quando transportado para o passado ou futuro devido ao seu metabolismo, que causa uma constante troca de seus átomos originais por átomos da nova matriz temporal.

18. Paradoxo da Substituição Temporal: Semelhante ao Paradoxo Metabólico, mas com diferentes causas e consequências. Acontece quando um viajante do tempo passa um longo intervalo de tempo no passado. Como ele não é parte da matriz temporal do passado, ocorre uma substituição espontânea de todos os seus átomos por átomos do passado, acabando por criar um novo indivíduo com novas memórias. A História muda e a linha temporal original do viajante do tempo desaparece.

19. Paradoxo da Fraude: Acontece quando alguma ação no passado, causada por um viajante do tempo vindo do futuro, afeta a linha do tempo, e depois a versão passada do mesmo viajante decide não realizar a citada ação quando alcança aquele mesmo momento do futuro.

20. Paradoxo Mnemônico: Acontece depois da ocorrência de um Paradoxo de Descontinuidade, um Paradoxo de Alteração da História ou um Paradoxo da Fraude, que envolvam o próprio viajante do tempo, quando ele afeta seu eu passado, embora ainda não tenha memoria desse evento de seu próprio passado.

21. Paradoxo do Continuum: Também chamado de Paradoxo do Universo em Bloco ou Paradoxo Fatalista, envolve o conceito de que tudo o que aconteceu ou acontecerá já está registrado no Continuum, até mesmo a própria viagem no tempo. Nesse caso, não só o passado não pode ser modificado como, por exemplo, um viajante do tempo que visitasse várias vezes um certo momento ao longo de sua vida, acharia lá todas as suas duplicatas desde a primeira visita. De acordo com esse paradoxo, o passado pode ser afetado, mas não modificado pelos viajantes do tempo (ver Paradoxo da História Retroativa no item 10 desse glossário).Este paradoxo afeta vários outros paradoxos e até mesmo o conceito de livre arbítrio.

22. Paradoxo das Linhas de Tempo Alternativas: A rigor referindo-se a Linhas de Tempo Alternativas Paralelas (ver Obs. 2 abaixo), esse paradoxo se apresenta nas seguintes variações:

a-) Paradoxo das Linhas de Tempo Alternativas Paralelas Conjunturais: Segundo esse paradoxo, o passado não pode ser modificado, e qualquer tentativa de mudá-lo causará a criação de uma Linha de Tempo Alternativa (LTA), de existência paralela à Linha de Tempo Original (LTO) a partir do ponto de mudança. Um problema desse paradoxo é que a rigor a mera chegada do viajante no passado já causaria sua mudança, e portanto o viajante sempre se materializaria numa LTA, antes mesmo de qualquer possível ação no passado, negando na prática a possibilidade de viagem no tempo. Uma variante menos rigorosa desse paradoxo prevê que só se aplicaria em alterações do passado que implicassem no Paradoxo do Avô e assemelhados (ver item 1 do glossário), desse modo solucionando-os.

b-) Paradoxo das Linhas de Tempo Alternativas Paralelas Estruturais: Segundo esse paradoxo, existem permanentemente infinitas LTAs, de duas possíveis estruturas, independentemente da ação de viajantes do tempo:

b1-) LTA Macroscópica: Segundo esse conceito, existe sempre uma LTA para cada alternativa de alteração macroscópica da LTO.

b2-) LTA Quântica: Segundo esse conceito, existe sempre uma LTA para cada alternativa de escolha quântica de cada partícula subatômica do universo (conceito de multiverso quântico de Everett).

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Obs. 1: Segundo esse conceito, a viagem entre LTAs paralelas seria mais uma viagem interdimensional que uma viagem no tempo.

Obs. 2: Alguns autores usam a sigla LTAP (paralela) para todos os conceitos de LTA acima descritos, reservando a sigla LTAS (sequencial) para as sucessivas modificações da LTO em função de mudanças causadas por viajantes do tempo (com cada LTAS passando a ser uma nova e única LTO).

Obs. 3: Alguns autores citam como possíveis LTAs paralelas formadas pela combinação de LTAs Macroscópicas com LTAs Quânticas.

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Eduardo Torres é autor de artigos de divulgação científica e resenhas de obras de ficção científica, foi presidente do CLFC – Clube de Leitores de Ficção Científica de 2009 a 2011, seu subgênero favorito da ficção científica são as histórias de viagem no tempo, que considera as mais instigantes da FC. Se dedica a conhecer e estudar a literatura e a ciência do time travel, como podemos ver neste fantástico glossário.

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Agradeço gentilmente Eduardo Torres por permitir a reprodução de seu “Glossário de Paradoxos Temporais”.

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Isaac Asimov: Obra Ensaística

Publicado em: 26/08/2021 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto
Isaac Asimov: Obra Ensaística

Prof. Dr. Edgar Indalecio Smaniotto

Isaac Asimov é conhecido mundialmente por seus livros de ficção científica. Suas séries interligadas Robôs, Império e Fundação formam uma gigantesca história do futuro conhecida por qualquer leitor de ficção, mas “representam, juntas, ‘apenas’ 1,5 milhão de palavras” do total de oito milhões escritas por Isaac Asimov. Principalmente por questões políticas, o problema do ensino deficiente de ciências nos Estados Unidos — que levava a crer que esse país poderia ser vencido pela então União Soviética na corrida espacial e tecnológica de forma geral — foi motivador da decisão de Isaac Asimov em se dedicar à escrita de não ficção, particularmente a divulgação científica.

A partir de 1958, logo após o lançamento do Sputnik em 1957, Asimov intensifica sua escrita de divulgação científica, dedicando-se quase que exclusivamente a esse gênero literário por muitos anos.  O “bom doutor” voltaria à ficção científica em 1972 com o livro O Despertar dos Deuses, sobre universos paralelos[1].

Asimov produziu centenas de ensaios (oitocentos), alguns possíveis de serem encontrados em traduções em língua portuguesa. Neste texto, não temos a pretensão de comentar todos os ensaios produzidos por Isaac Asimov, mas fazer uma breve apresentação de alguns de seus livros de ensaios mais conhecidos e que podem ser encontrados em língua portuguesa, mesmo que em edições antigas: Civilizações Extraterrenas; Escolha sua Catástrofe; O Início e o Fim; e O Colapso do Universo.

Civilizações Extraterrenas (Editora Nova Fronteira, 1980) indaga: “a pergunta é: estamos sós? Os seres humanos são os únicos detentores de olhos que sondam as profundezas do Universo? Os únicos que constroem engenhos para ampliar os sentidos naturais? Os únicos possuidores de mentes que se esforçam para compreender o que é visto e sentido?”. Para Asimov, devemos responder “não” para todas essas questões, pois, com certeza, existem outros seres inteligentes, mesmo que não saibamos onde estão.

De início, Asimov demonstra que a inteligência existe na própria Terra em uma única espécie: a nossa. É interessante ver, por exemplo, o argumento de Asimov sobre o porquê de não podermos atribuir inteligência aos golfinhos, o que leva, lógico, à importância não apenas do cérebro, mas também de todo o corpo para o desenvolvimento da inteligência.

Inicialmente, Asimov apresenta algumas especulações ao longo da história humana sobre a existência de vida na Lua, Marte e no restante do Sistema Solar. Para o autor, nosso sistema não é o melhor lugar para procurarmos vida inteligente. Após uma detalhada apresentação das possibilidades apresentadas por sistemas planetários, estrelas como o Sol e planetas como a Terra, o “bom doutor” chega à seguinte conclusão: “o número de planetas em nossa Galáxia onde existe agora uma civilização tecnológica = 530.000”.

Após definir a quantidade de civilizações tecnológicas em nossa galáxia, Asimov explora outro problema: a comunicação com essas possíveis civilizações.  Por isso, os últimos capítulos são dedicados a temas relacionados à exploração espacial, voo interestelar e mensagens interestelares. Para Asimov, “se chegarmos ao romântico extremo de supor que o limite da velocidade da luz pode ser ultrapassado e que existe uma pacífica e benigna Federação das Civilizações Galácticas, nosso êxito ao interpretar a mensagem e nossa resposta corajosa podem juntar-se ao nosso bilhete de entrada”. Para tanto, o “bom doutor” convida a Humanidade a abandonar suas inúteis disputas provincianas em favor de um novo nível de conhecimento, com o qual possamos herdar este universo, sozinhos ou na companhia de outras civilizações.

Escolha sua Catástrofe (Círculo do Livro, 1979) é um livro angustiante, mesmo sendo um livro de divulgação científica. Aqui, Asimov apresenta ao leitor todas as formas possíveis pelas quais o homem pode vir a desaparecer ou ser reduzido a uma existência medíocre. O “bom doutor” trabalha com uma classificação de catástrofes, e vamos fazer um breve comentário de cada grau de catástrofe exposta por Asimov.

Catástrofes de 1º grau são aquelas em que o próprio Universo pode entrar em colapso ou se tornar hostil à vida, ideia presente nas religiões Ragnarok e O Apocalipse, por exemplo.  Ou, cientificamente falando, o Universo poderia se contrair e dar origem a um novo ovo cósmico. Já as catástrofes de 2º grau são mais locais, um evento que pode fazer “com que o Sistema Solar se torne inabitável” e o “restante do Universo permanecer estável”. Algumas situações poderiam gerar uma catástrofe desse nível: o choque entre duas estrelas; um buraco negro adentrar o Sistema Solar; a morte do Sol; a explosão de uma supernova perto do Sol; ou, quem sabe, o contato com uma partícula de antimatéria. As catástrofes de 3º grau são aquelas mais presentes nos blockbusters hollywoodianos: o bombardeamento da Terra por objetos extraterrenos, como asteroides; a redução do movimento terrestre; problemas nas placas tectônicas (vulcões e terremotos); mudanças climáticas; e remoção do magnetismo da Terra.

Já as catástrofes de 4º grau são aquelas possíveis de ocorrer quando o ser humano entra em competição com outros seres vivos (animais de grande ou pequeno porte), microrganismos, vírus (novas doenças), seres extraterrestres ou o próprio homem (na verdade, a maior aposta é que nós mesmos venhamos a nos matar). As catástrofes de 5º grau são de dois tipos, ambas dependentes de como vamos nos relacionar com nosso meio ambiente: podemos esgotar nossos recursos e poluir o mundo até acabarmos com nossa própria civilização, ou também podemos acabar ao não trabalharmos adequadamente com questões advindas de nossa vitória sobre o ambiente, como a superpopulação, o excesso de conhecimento, o desenvolvimento tecnológico etc. O interessante é que uma das propostas para solucionar esses problemas para Asimov é o homem se ligar aos computadores: “a união de cérebros, o humano e o que o homem fez, poderia servir como porta pela qual o ser humano poderia emergir de sua infância isolada para uma maturidade em combinação”.

Asimov termina seu texto com um comentário sobre a necessidade de o ser humano trabalhar por seu futuro, que vale a pena ser lido, então peço licença para uma longa citação:

Não há catástrofes que se nos apresentam e que não possam ser evitadas; não há nada que nos ameace com a destruição iminente de modo tal que fiquemos de mãos atadas. Se nos comportarmos racional e humanitariamente; se nos concentrarmos objetivamente nos problemas que afligem toda a Humanidade, em vez de emocionalmente em assuntos do século XIX, como segurança nacional e orgulho regional; se reconhecermos que não é o nosso vizinho o nosso inimigo, mas sim a penúria, a ignorância e a fria indiferença da lei da selva — então poderemos solucionar todos os problemas que se defrontam. Podemos deliberadamente escolher não assistir a qualquer catástrofe. E, se fizermos isso durante o próximo século, poderemos nos espalhar pelo espaço e perder nossa vulnerabilidade. Não seremos mais dependentes de um planeta ou de uma estrela. E aí, a Humanidade, ou seus descendentes e aliados inteligentes, poderão sobreviver ao fim da Terra, ao fim do Sol e (quem sabe?) até ao fim do Universo.

É, ou não é, um texto inspirador? Infelizmente, ainda não conseguimos nos concentrar nos problemas que afligem toda a Humanidade, como fica claro ao ler qualquer jornal: guerras, fome e violência ainda são uma constante.

O Início e o Fim (1977, Circulo do Livro) é um livro de pequenos ensaios, em que o “bom doutor” discute questões científicas do passado, presente e futuro, sendo que os ensaios já são agrupados de acordo com essa proposta.  A introdução que apresenta a coletânea é, em si, uma leitura muito agradável, em que Asimov brinca com sua própria superprodução: “no decorrer da minha vida de escritor, redigi mais de oitocentos ensaios, não de ficção, sobre dúzias de assuntos diferentes”, e justifica por que escreve tanto:“sinto um prazer inocente em fazer isso…”, “sou pago para isto, e preciso ganhar a vida” e “não imponho isso a ninguém contra a sua vontade”. A autoironia de Asimov é parte fundamental e inconfundível de seu estilo ensaístico.  Nesse volume, temos 21 ensaios.

Nos seis ensaios que formam a primeira parte do livro,“O Passado”, Asimov apresenta Cirano de Bergerac, o primeiro escritor de ficção científica; comenta casos de descobertas científicas antigas em que os contemporâneos perguntavam “para que serve?”, uma resposta possível anos depois; a democracia do saber; monstros, combustíveis fósseis e água (esse último, escrito originalmente para uma revista sobre piscinas, tal era a capacidade de Asimov de escrever sobre qualquer coisa, para todo tipo de produção).

A segunda parte, “O Presente”, é composta de dez ensaios sobre diferentes temas. No interessante “Inteligente, mas não o suficiente”, Asimov comenta os limites da inteligência nos primatas; em “Receita para um oceano”, discute questões sobre energia em dois textos, a relação entre homem e computador em outro, e cinco textos sobre astronomia, inclusive aquele que dá título ao livro, “O início e o fim”, um texto sobre a origem e o possível fim de nosso Universo.

A terceira parte, “O Futuro”, é composta de cinco ensaios que discutem algumas ideias presentes e recorrentes na literatura de ficção científica.  No primeiro texto, Asimov escreve sobre futuras mudanças no tempo (clima) devido à ação humana; um texto sobre gastronomia; outro sobre o futuro dos Estados Unidos em 2176; outro sobre colônias espaciais tipo O’Neill; e termina com uma conferência sobre a futura colonização do espaço.

Mesmo que alguns conceitos científicos discutidos por Asimov possam estar ultrapassados, no contexto geral esse é um livro que ainda pode ser lido com muito proveito, pois muitas das ideias debatidas pelo “bom doutor” ainda são muito atuais, e outras, como a colonização espacial, não deixam de ser uma lembrança nostálgica de um futuro que nunca ocorreu.

O Colapso do Universo (Círculo do Livro, 1977) é um texto sobre cosmologia. Nas palavras de Asimov, “a partir de 1960, o Universo passou a adquirir uma fisionomia inteiramente nova. Tornou-se mais excitante, mais misterioso, mais violento e mais extremo, pois o nosso conhecimento a seu respeito cresceu subitamente”, e é justamente a intenção do “bom doutor” tornar esse novo Universo compreensivo para todos.

Na primeira parte do livro, Asimov explica as partículas e forças que interagem no Universo, contextualizando explicações com a história da própria descoberta delas pelo ser humano. Asimov, em seus diversos textos de divulgação científica, tende a justamente apresentar a ciência como uma grande aventura do espírito humano. Essa forma de escrever vai ao encontro de sua intenção de despertar o interesse dos jovens pela atividade científica.

Se, na primeira parte do livro, passamos a entender melhor as quatro forças fundamentais da Natureza: nuclear (forte e fraca), eletromagnética e gravitacional, na segunda parte Asimov escreve sobre os planetas; na terceira parte, sobre matéria comprimida; na quarta parte, sobre anãs brancas; na quinta parte, sobre matéria em explosão; na sexta parte, sobre estrelas de nêutrons, e finalmente, na sétima parte, sobre buracos negros.

O objetivo de Asimov no decorrer de todo o texto é fazer com que o leitor entenda o conceito de buraco negro; todo o texto, na verdade, está voltado para que se vá entendendo conceitos básicos de cosmologia e física até que se possa compreender tranquilamente a noção de buraco negro. Para Asimov, “dentre todos os fenômenos, o mais misterioso, o mais violento e o mais extremo é o que tem o nome mais simples, comum, tranquilo e sereno. Trata-se tão somente de um ‘buraco negro’”.  Temos um livro didaticamente pensado, que termina com uma explanação sobre buracos de minhoca, buracos brancos, quasares e o ovo cósmico em sua oitava parte.

Vale a pena citar o último paragrafo do livro para terminarmos este texto: “através dos prodígios do pensamento e da razão, é possível que, de nossa posição num fragmento menor que um grão de pó, perdidos no recôndito de um desses universos, tenhamos traçado um quadro da existência e do comportamento de todos eles”.  Certamente, Asimov contribuiu para que milhões de seres humanos pudessem entender este universo, e assim participarem dessa aventura da razão humana!


[1] As citações e referências desta primeira parte do texto foram feitas a partir da revista “Exploradores do Futuro: Isaac Asimov” edição da Scientific American Brasil – Editora Duetto, nº 03.  Todas as demais citações são retiradas dos livros comentados.

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“Ken Parker – Rifle Comprido”: a história que marca o início do faroeste filosófico

Publicado em: 23/08/2021 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto
“Ken Parker - Rifle Comprido”: a história que marca o início do faroeste filosófico

Por Edgar Indalecio Smaniotto

Ken Parker é um faroeste totalmente diferente do que acostumamos a ver nas histórias clássicas do gênero, em que temos um cowboy sempre pronto a utilizar suas armas para resolver qualquer situação. Parker, provavelmente, preferiria nunca fazer uso de armas para resolver conflitos, e, se o faz, é por não encontrar outro meio para sair de determinadas enrascadas e fazer justiça quando necessário.  

Reprodução para divulgação. Editora Mythos.

Para Mário Latino: “Com um certo ar intelectual e a aparência física emprestada do ator Robert Redford, Ken Parker posicionou-se ao lado do Tenente Blueberry como as maiores contribuições das histórias em quadrinhos ao mito do faroeste” (LATINO, 2007, p. 06). 

Ken Parker é um faroeste humanista e filosófico, que busca revelar o lado humano dos personagens postos em um tempo e local geográfico marcado pela violência e a dificuldade de sobreviver.  Um lugar e um tempo em que cada dia marca uma vitória para aqueles, que como Parker, decidem viver de acordo com certos princípios morais. 

Mas não estamos falando de moralismo, mas de uma conduta ética que determina que ações tomar. Parker é guiado por uma ética deontológica, uma moral kantiana, em que, por diversas vezes, se colocará ao longo das histórias em perigo por simplesmente desejar tomar a atitude correta, ao invés de se guiar pelo pragmatismo vigente. 

“Rifle Comprido” é a história de apresentação do personagem, o título já evoca uma de suas principais características, a utilização de rifle modelo flintlock de 1803 (a história se passa em 1868) já naquela época uma arma anacrônica, de um único tiro carregada pelo cano. Logo no início da história um comerciante, amigo de Parker, lhe oferece um rifle winchester de quinze tiros, ao qual ele recusa, uma vez que ele caça animais e não homens, e neste caso “um tiro certeiro vale mais que uma metralhadora” (BERARDI, 2021, p. 12). Neste ponto acompanhamos uma magistral sequência de quadros em que Parker carrega seu rifle e atira em um alvo, mostrando a superioridade da precisão sobre a quantidade de projéteis disparados. 

Mais do que uma escolha inusitada de uma arma anacrônica para compor o personagem, a utilização de um rifle de um único tiro por Parker é essencial para a história, pois é um dos elementos que torna suas histórias mais humanas e reflexivas. Ao invés dos típicos tiroteios – em que tudo indica alguns revólveres do período parecem ter um carregamento infinito de projéteis – aqui cada tiro é minuciosamente planejado, ao invés de corpos caindo a esmo, podemos acompanhar belíssimas sequências de ação.

As sequências de ação são magistralmente desenhadas, e nela podemos ver um homem que prefere não se utilizar da violência, mas que em determinados momento utiliza as armas para fazer justiça. 

Nesta primeira história temos um fato que irá marcar o desenvolvimento do personagem e histórias subsequentes, após sair do posto comercial, onde foi comprar mantimentos, Parker e seu irmão são atacados, e este é morto e escalpelado. Deixado vivo, Ken Parker inicia uma caçada aos assassinos de seu irmão. O grupo de assassinos, que atacou de surpresa, sem que Parker pudesse ver seus rostos, simulou um ataque indígena (por isso o escalpelamento), mas logo de início ele não se deixa levar pelos preconceitos da época, e percebe que os criminosos eram brancos (afinal roubaram dinheiro, algo inútil aos nativo americanos). 

Parker segue então a pista dos criminosos, para descobrir que se alistaram no exército. a fim de fazer justiça, ele também decide pelo alistamento, pois deseja descobrir quem são os assassinos de seu irmão. As coisas se complicam quando ocorre um ataque de indígenas Cheyennes, que procuram escapar da tutela militar, que oprime seu modo de vida, ao mesmo tempo que lhes fornecem alimentação de péssima qualidade, como carne podre. É no decorrer do confronto com os Cheyennes que Ken Parker ganha o apelido indígena de “Rifle Comprido” devido à arma que carrega.

Apesar de seu caráter introspectivo, e mesmo filosófico, não falta ação em belíssimas sequências desenhadas por Milazzo.  Para Mário Latino o desenhista possui um “traço leve, sintético e altamente estilizado” com uma “linha fina e muitas vezes incompleta e nervosa que alterna com grandes pinceladas de preto” (LATINO, 2007, p. 06). 

Há outros elementos presentes nesta história que vão marcar o desenvolvimento do personagem: sua relação com os indígenas, uma relação de respeito mútuo, e nunca de superioridade, vista também em História do Oeste (Epopéia Tri) e Mágico Vento. A amizade fraternal construída entre os homens da fronteira, mais do que o individualismo tão propagado em muitas histórias de cowboys, é justamente a confiança desenvolvida entre estes homens que torna possível sua sobrevivência em um território hostil. 

“Rifle Comprido” é uma história muito bem contada, e se uma primeira história de um personagem de quadrinhos já começa com essa qualidade, não é difícil imaginar que elas só irão progredir com o tempo. Afinal é o que ocorre com outro personagem escrito por Berardi, a criminóloga Júlia Kendall. Com a volta da publicação de Ken Parker agora no Brasil, é de Berardi o melhor quadrinho policial e o melhor faroeste disponível atualmente.  

___________________________

BERARDI, Giancarlo. Ken Parker: Rifle Comprido. 1. ed. São Paulo: Mythos Editora, 2021. 

LATINO, Mário. “Lar doce lar”: Uma história de dor, desencontros e morte, mas também de redenção. Jornal Graphiq. Suzano-SP: Março de 2007. p. 06 e 07. 

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Segunda Fundação

Publicado em: 20/08/2021 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto
Segunda Fundação

Prof. Dr. Edgar Indalecio Smaniotto

Último livro da trilogia Fundação, em “Segunda Fundação” acompanhamos duas histórias distintas, mas ligadas entre si, dando continuidade à saga do Plano Seldon, que pretende abreviar o estabelecimento de um segundo império em mil anos — evitando assim um período muito maior de caos na galáxia.

Na primeira parte do livro, “A Busca do Mulo”, o mutante que venceu a Primeira Fundação empreende uma busca pela Segunda Fundação em toda a galáxia. O Mulo acredita que seu poder não estará realmente consolidado até destruir o possível inimigo revelado pelo Plano Seldon.

Reprodução para divulgação. Editora Aleph.

Han Pritcher, ex-oposicionista ao Mulo, agora é o seu melhor comandante, tendo comandado cinco expedições para encontrar – sem sucesso – a Segunda Fundação. Devido ao insucesso dessas diversas missões, o “Primeiro Cidadão da União”, título oficial do Mulo, decide enviar, junto ao seu comandante de confiança, um jovem ambicioso, que não foi alterado por sua influência mental.

O próprio Mulo reconhece que a alteração mental que ele realiza em seus seguidores tem por resultado diminuir a capacidade de raciocínio autônomo desses, o que pode influenciar de maneira negativa seu desempenho em missões em que se espera autonomia de pensamento e raciocínio de seus comandados. Existe aqui uma sutil crítica de Asimov a ideologias totalizantes e cultos a líderes, como diminuidores das potencialidades humanas.

Han Pritcher e Bail Channis conseguem por fim localizar um sistema estelar, uma pequena potencial regional, que pode ser a Segunda Fundação. Inicia-se então uma disputa entre os homens da Segunda Fundação — que, ao contrário da primeira, que dominava a técnica, está é dominada pela ciência da mente — e o Mulo. Sendo o Mulo um mutante com poderes mentais, a mente será o campo de batalha entre o “Primeiro Cidadão da União” e o “Primeiro Orador” da Segunda Fundação.

Na segunda parte do livro, “A Busca da Fundação”, chegamos ao final da trilogia de Asimov. Agora, com a morte natural do Mulo e o fim de seu império, que, anos antes, havia cessado a sua expansão sem que seus próprios seguidores saibam o motivo, a Primeira Fundação reocupou seu lugar de poder na galáxia.

Apesar disso, essa Primeira Fundação em nada lembra os tempos heroicos de seus primeiros prefeitos e livres mercadores, que, munidos da certeza da infalibilidade do Plano Seldon, eram capazes de tomar decisões audaciosas, mantendo a segurança, o crescimento e a influência da Primeira Fundação como um poder respeitado em meio aos escombros de um império em decadência. Agora, os habitantes da Primeira Fundação acreditam que existe um poder que sempre irá salvá-los em tempo de crise, a Segunda Fundação, perdendo a iniciativa própria.

 A Segunda Fundação vê a falta de iniciativa da Primeira Fundação como o maior risco ao Plano Seldon, maior que o próprio Mulo, e, por isso, decide intervir. Acompanhamos então um jogo de intrigas e espionagem envolvendo principalmente o Dr. Darell e sua filha Arkady Darell (respectivamente filho e neta de Bayta Darell, que havia impedido a revelação do local da Segunda Fundação para o Mulo).

Nessa última parte da trilogia, Asimov descreve um pouco mais suas concepções sobre a psico-história, uma ciência que “lidava somente com conceitos matemáticos, de uma maneira similar à especulação praticada pelas raças muito antigas nos dias primitivos, pré-históricos, antes que a tecnologia surgisse; antes que o Homem tivesse se espalhado além de um único, e agora desconhecido, mundo” (p. 105).

 Nesse trecho, Asimov, ao caracterizar a psico-história, caracteriza também a Segunda Fundação, que se dedica às ciências mentais (ou seja, matemática, filosofia, psicologia e sociologia), como os antigos gregos. Assim, não são visíveis como a Primeira Fundação, dedicada às ciências exatas e à tecnologia, necessitando portanto de fábricas e grandes laboratórios, o que a tornava impossível de ficar oculta.

Em outro longo trecho, Asimov define mais detalhadamente o que é a psico-história:

A psico-história tinha sido o desenvolvimento da ciência mental, sua matematização, na verdade, que tinha finalmente obtido sucesso. Por meio do desenvolvimento da matemática necessária para entender os fatos da fisiologia neural e da eletroquímica do sistema nervoso, que em si mesmas tinham de ser, tinham de ser, rastreadas até as forças nucleares, tornou-se, pela primeira vez, possível desenvolver verdadeiramente a psicologia. E, por meio da generalização do conhecimento psicológico do indivíduo para o grupo, a sociologia também foi matematizada. Os grupos maiores; os bilhões que ocupavam os planetas; os trilhões que ocupavam Setores; os quatrilhões que ocupavam toda a Galáxia, tornaram-se não simplesmente seres humanos, mas forças gigantescas, suscetíveis ao tratamento estatístico – de forma que, para Hari Seldon, o futuro se tornou claro e inevitável, e o Plano pôde ser criado” (p. 106-107).

A psico-história, sendo uma ciência humana (soft), é o complemento às ciências exatas (hard), por isso duas Fundações, uma complementa à outra. Em uma, temos o desenvolvimento da tecnologia, e, em outra, da psicologia e sociologia, ambas indispensáveis para o resultado do Plano Seldon: reconstruir o império em mil anos.

Esse último volume termina com a retomada do Plano Seldon, e o leitor finalmente descobrirá onde se localiza a Segunda Fundação. A descoberta do local da Segunda Fundação é, em si, uma forma bem interessante de Asimov apresentar a diferença de raciocínio entre alguém com formação em ciências humanas e um indivíduo com formação em ciências exatas.

Bibliografia:

ISAAC, Asimov. Segunda Fundação. Trad. Marcelo Barbão. São Paulo: Aleph, 2009.

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Clubes Brasileiros de FC nos anos 80

Publicado em: 19/08/2021 por Prof. Dr. Edgar Smaniotto
Clubes Brasileiros de FC nos anos 80

O escritor brasileiro Bráulio Tavares acabou de publicar em seu perfil no facebook um importante documento datilografado por Roberto Nascimento, primeiro presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC), que se dedicou a criação do fandom brasileiro.

Este é um documento importante, para todos nós pesquisadores de ficção científica no Brasil, neste post reproduzo aqui o texto de Bráulio Tavares e a imagem da folha datilografada:

Texto de Braúlio Tavares (Perfil do Facebook, 19/08/2021 as 1:34)

“A imagem abaixo é de um documento elaborado em 1986 por Roberto Nascimento, que muitos devem recordar como um dos grandes entusiastas da ficção científica brasileira. Foi ele o criador do CLFC (Clube de Leitores de Ficção Científica) e do fanzine “Somnium”, onde publiquei os primeiros textos do que viria depois a ser meu livro “A Espinha Dorsal da Memória” (1989).

O documento foi datilografado pelo próprio Roberto, com algumas anotações a lápis (depois do nome da entidade, ele coloca o número aproximado de membros). Não tenho mais informações sobre a maioria dos grupos — eu tinha acabado de entrar para o Clube e não conhecia muita gente. Roberto vinha nessa trilha há vários anos. Não são todos grupos especializados — ele cita, p. ex., o Cine Arte UFF (Niterói) onde Moacyr Cirne promovia mostras eventuais de filmes de FC, além de ministrar cursos semestrais (alternados com cursos de Histórias em Quadrinhos).

Na parte inferior há uma linha cronológica de eventos, como a criação dos clubes. Dei uma incrementada no contraste da imagem original, uma foto precária de um papel antigo, escrito numa máquina de escrever com fita já meio usada. Mas acho que esses registros devem ser distribuídos, porque muita gente não sabe. Façam bom uso“.

Link do post: https://www.facebook.com/braulio.tavares.1/posts/10158892924533074

Segue agora a imagem:

Folha datilografada por R. C. Nascimento

Temos ao todo dezessete grupos elencados por Nascimento, destes o Hiperespaço do César Silva deu origem ao fanzine de mesmo nome, e hoje é um blog, na época contava com expressivos 200 membros. Já o Clube GRD estava associado ao falecido editor Gumercindo Rocha Dorea, da editora GRD, que se dedicou a publicar ficção científica. Precisaremos de uma pesquisa mais apurada para saber quanto tempo durou e quais destes grupos, por ventura podem existir, ou mesmo terem se convertidos em outras iniciativas, como o Hiperespaço.

É interessante também observarmos a linha do tempo abaixo, onde R. C. Nascimento teve o cuidado de destacar as data de criação de cada grupo. Agora devemos complementar este trabalho descobrindo as datas de encerramento de cada grupo, pessoalmente pretendo me dedicar a fazer este levantamento, e oportunamente publicar aqui no blog. Se algum leitor tiver informações sobre estes grupos, pode postar nos comentários ou enviar para meu e-mail pessoal: edgarsmaniotto@gmail.com, todas as contribuições serão referenciadas em um futuro texto.

Somando os números apresentados por R. C. Nascimento temos 1710 pessoas compondo os grupos, conhecendo um pouco sobre grupos do fandom é provável que alguns indivíduos pertencessem a um, dois ou mais grupos, entretanto, ainda assim é um número expressivo. Vale destacar o Clube GRD com 400 pessoas, o que indica a capacidade de agregação do fandom em torno de Gumercindo Rocha Dorea, o mítico editor.

Encerramos este post aqui, mas espero retomar logo, com uma nova análise dos dados presente, e também com o aprofundamento desta pesquisa.

Publicado em: Ficção Científica | Categoria: Braulio Tavares, Clubes de FC, Fandom, RCNascimento | Leave a response

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Para citar um texto de site (ABNT, NBR 6023), siga as orientações:
SMANIOTTO, Edgar Indalecio. Coloque aqui o título do post. Professor Edgar Smaniotto Site. Disponível em:. coloque o link completo do post . Acesso em: [coloque aqui a data em que você acessou esse artigo, sem os colchetes].

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  • Anuário Brasileiro De Literatura Fantástica 2010
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  • Zumbis Quem Disse Que Eles Estão Mortos?
    by Ademir Pascale

Sobre o autor:

Prof. Dr. Edgar Indalecio Smaniotto, filósofo e antropólogo, é docente no ensino fundamental I (polivalente) e II (história), no ensino médio (filosofia), graduação, pós-graduação e professor conteudista.

 

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